Verificar, calibrar, ajustar são termos comumente usados em salas de medição, mas ainda há alguma confusão na aplicação dos conceitos. De acordo com a fonte primordial para a metrologia, o VIM:
- calibração: Operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir duma indicação.
- verificação: Fornecimento de evidência objetiva de que um dado item satisfaz requisitos especificados.
- correção: Compensação dum efeito sistemático estimado.
E na prática? Quer dizer o quê? Vamos começar pelo mais simplificado. A verificação pode e, diria que deveria, ser feita pelo metrologista, periodicamente. Pode ser um teste complexo, normalizado , ou um teste simples e de fácil execução que dê a possibilidade de acompanhar o desempenho do sistema de medição. Um teste que sugiro, por exemplo, é a medição de uma peça qualquer logo após a finalização do serviço de correção. A peça deverá ser mantida em condições adequadas de conservação, e ser medida periodicamente. Não interessa nesse caso, que seja uma peça com erro “zero”, em termos de fabricação. Esse teste tem o objetivo de monitorar os valores encontrados pelo sistema de medição ao longo de um período. Com base nessa informação, é possível por exemplo determinar com mais precisão, o período entre uma correção e outra.
Então já conseguimos verificar nosso sistema de medição e decidir quando fazer a correção. A correção, ou ajuste são os procedimentos para que o sistema de medição apresente resultados confiáveis dentro das especificações de fabricação, próprias de cada instrumento, ou sistema. No caso específico de cmm’s, além da manutenção mecânica e/ou eletrônica, é necessário garantir que os desvios ( perpendicularidade ou “esquadro” entre eixos, retilinidade das guias, desvios de escala, etc…) Sejam compensados por “mapas de compensação geométrica”. A aplicação do mapa de compensação geométrica, faz com que os resultados sejam dentro da especialização do fabricante.
Nesse ponto, já temos a cmm corrigida e verificada. Precisamos agora comprovar e documentar. É hora de calibrar, ou certificar através da comparação com artefatos, ou padrões rastreados. Comumente no Brasil o padrão de rastreabilidade é através de certificação RBC (ISO17025).
A importância em saber aplicar esses conceitos é justamente saber quem pode e deve fazer.
A verificação pode ser feita pelo próprio metrologista com recursos próprios.
A correção deve ser executada pelo fabricante e/ou empresa autorizada pelo fabricante. Na prática há empresas oferecendo unicórnios a preço de banana. Por isso é bastante importante saber o que comprar como serviço. Algumas perguntas básicas podem livrar o metrologista, geralmente responsável pela avaliação técnica, de uma escolha infeliz:
1- a empresa prestadora do serviço é fabricante e/ou autorizada pelo fabricante?
2- sua empresa prestadora do serviço tem know-how e/ou acesso para a correção geométrica completa?
3- quanto tempo é estimado para a correção?
Sobre a resposta da 1a pergunta, você leva seu VW em uma oficina GM? Pois é, fabricantes têm know-how sobre a tecnologia desenvolvida, desconfie de empresa prestadora que faz tudo. Outra dica é para a resposta da 2a pergunta. Se a empresa prestadora não faz correção ou diz que não precisa, busque mais informações. Pode evitar dor de cabeça.
Agora que já corrigimos e verificamos é necessário certificar. Se a certificação através da comparação com padrões rastreados for suficiente para atender o sistema de qualidade da sua empresa, exija a cópia dos padrões juntamente com o documento de certificação. Em caso mais comum, é necessário rastreamento RBC, nesse caso somente um laboratório com certificação RBC poderá emitir o documento que comprova a rastreabilidade.
Conhecimento dos conceitos só tem valor se forem base para decisões práticas. E trabalhamos em ambientes em que tempo e custo são outras palavras constantes. Outros textos relacionados